

Grilo
No ateliê soturno, a dor se ousa!
O coração, que outrora foi candente,
Agora é pedra fria, que repousa,
Anda sozinho; treme, chora, sente.
A natureza, em sonho, se revela,
Sombra distante. Sôfrego é o bardo.
É na montanha que o teu ser anela
Teu brando pouso, alívio para o fardo.
Na urbe insone, o grilo, em tom singelo,
Cantou-lhe o ser; qual harpa, deu-lhe o estro.
Do homem triste, ergueu-se a alma em festa.
Quebrou o caos: o cri, feito um martelo,
Ergueu o artista, ao tom, feito um maestro,
E, ao canto doce, viu-se a dor funesta.